domingo, 5 de julho de 2015

A Sopa de Pedra (leitura)

Queridos alunos,

O texto de hoje, sugestão da aluna Ana Carolina de Souza (6º ano), trata-se de um conto sobre o personagem Pedro Malasartes. Boa leitura!

A Sopa de Pedra


Para ouvir esta história, você tem de acreditar que bobo pode ser esperto e esperto pode ser bobo. Basta abrir bem os olhos e os ouvidos e a boca fechar que a história vai começar.

Num dia claro, sem ter o que fazer, como sempre, Pedro Malasartes foi sentar-se à porta da quitanda para uma prosa com os amigos. Trabalhar não era o forte de Pedro Malasartes, mas ele era um caipira esperto.

Nesse dia, seus amigos estavam falando de dona Filomena, uma senhora pão-duro, mas tão pão-duro que não abria mão nem para dar adeus.

Um caipira comentou:

- Dona Filomena é tão avarenta que não dá nem o resto de comida para os porcos!

Outro caipira completou:

- Quando alguém chega para almoçar, ela conta os grãos de arroz e de feijão que vai colocar no prato. Isso é verdade verdadeira, pode perguntar ao compadre Zé que ele conta tintim por tintim...

Um terceiro caipira comentava mais:

- Ela não é de conversar, só para economizar palavras.

Pedro Malasartes ficou ouvindo aquela prosa e pensando, até que resolveu entrar na conversa.

- Quanto vocês apostam que ela não vai me negar nada, vai me dar o que eu quiser?

- Você é doido, compadre, aquela dona Filomena não dá nem bom-dia!

- Pois quanto vocês apostam?

E os caipiras apostaram alto, com a certeza de que iam ganhar. Mas Pedro Malasartes tinha um plano para conseguir o que queria. Foi até sua casa, pegou uma muda de roupa, uma panela e uma colher de pau. Fez a trouxa e foi caminhando até a casa de dona Filomena. A casa era longe, mas, para provar que era esperto, a preguiça sumia na hora.

Assim que chegou à porteira do sítio de dona Filomena, Pedro se ajeitou por ali mesmo e ficou esperando. Quando percebeu que havia sido visto pela velha, arrumou umas pedras, um pouco de lenha e montou o seu fogão. Tirou de sua trouxa uma panela, uma colher, encheu a panela de água, acendeu o fogo e ficou abanando.

Da casa, dona Filomena ficou espiando Pedro abanando o fogo.

Roendo as unhas de curiosidade, ela foi dar uma olhada no que Pedro estava fazendo. Despistando, passou perto, observou o que ele fazia e foi embora.

Pedro ficou firme, abanando o fogo, sem arredar o pé do lado da panela. E assim passou o dia.

Na manhã seguinte, lá estava Pedro abanando o fogo, olhando a panela, a água fervendo, soltando fumaça e dona Filomena da casa, espiando...

Dona Filomena não resistiu: foi até a porteira ver o que aquele caipira estava fazendo. Pedro, percebendo que a velha vinha mancando, pegou umas pedras no chão, lavou-as bem lavadinhas e jogou-as dentro da panela.

Quando chegou perto, dona Filomena perguntou:

- Eta, moço, o que o senhor está fazendo?

- Ora, dona, estou fazendo uma sopa!

- Sopa de pedra? O senhor deve estar caçoando de mim.

- Pois pode acreditar, é uma sopa pra lá de boa.

- Demora muito para ficar pronta?

- Demora um bocado, dona.

- E dá para comer?

- É claro, dona. Ou a senhora acha que eu ia perder meu tempo!

Dona Filomena ficou ali, sentada, olhando Pedro abanando o fogo na panela e a água fervendo. Ela não estava acreditando muito.

- Essa sopa é boa mesmo?

- É gostosa! Mas, se colocar um temperinho, fica bem melhor.

- Por causa disso, não. Eu vou lá em casa buscar.

Dona Filomena foi até sua casa e trouxe sal, alho, cebolinha e salsinha.

- Será que a senhora não tem um tomatinho?

Dona Filomena trouxe três tomates bem madurinhos.

Pedro colocou tudo na panela junto com as pedras, deu uma mexidinha e abanou o fogo.

- Essa sopa fica uma delícia, a senhora vai ver. Mas, se tivéssemos uma pelinha de porco, ficaria ainda melhor.

- Pois eu tenho. Vou lá em casa buscar.

Pele na panela e dona Filomena espiando... Ela perguntou:

- Não precisa de mais nada nessa sopa?

- Olha, se tivesse umas batatas e um pouco de macarrão, ela ficaria jóia!

A velha, já doida para provar da sopa, trouxe três batatas grandes e um punhado de macarrão.

- Quando ficar pronta, eu posso provar?

- Claro, dona!

Passou um bom tempo e a dona Filomena comentou:

- A sopa está cheirando! A pedra já amoleceu?

Pedro despistou para não responder à pergunta:

- A senhora não tem uma linguicinha defumada? Ia melhorar o sabor da sopa.

Dona Filomena foi buscar.

Passado um bocado de tempo, Malasartes pediu dois pratos e colheres. A velha trouxe tudo rapidamente.

Pedro encheu os dois pratos, deu um para dona Filomena e ficou com o outro. Separou as pedras e jogou-as no mato.

- Ô moço! O senhor não vai comer as pedras?

- A senhora tá doida, eu lá tenho dente de ferro para comer pedra?

Dito isso, Pedro Malasartes saiu correndo, igual a um pé-de-vento, antes que a velha lhe jogasse a panela na cabeça.

Foi até a quitanda cobrar dos caipiras a aposta. É claro que todos ficaram de boca aberta com a história que Pedro Malasartes contou.

E esta história entrou numa panela, rodou... rodou... até que ferveu, virou fumaça e desapareceu.

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Esse Pedro Malasartes, sempre aprontando... Mas será que, sem as pedras, a sopa ficou boa?

Amanhã tem mais leitura, pessoal! Continuem mandando sugestões de textos bacanas!


Profª Teresa Cristina

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